Carlos Dias
De uma família com 9 irmãos, todos trabalhadores da uma vez pujante indústria de cerâmica da região, Carlos Dias decidiu dedicar-se ao artesanato quando a família ficou desempregada. O fecho das fábricas dessa indústria teve um impacto importante no aumento de pessoas que se dedicaram ao artesanato, aproveitando os conhecimentos de olaria que a indústria cerâmica lhes proporcionou.
Em pequeno, Carlos era obcecado por banda desenhada, demonstrando desde cedo uma sensibilidade pela arte anormal para uma criança do seu meio social. A morte do pai ditou que, ainda em criança, fosse trabalhar para uma fábrica de cerâmica.
Com o colapso desta indústria na região, Carlos, com uma família para sustentar, encontrou uma solução. Para evitar ir trabalhar na construção ou na apanha da fruta, Carlos Dias montou uma pequena oficina em casa e começou afazer peças em barro. Como é daltónico, mistura o barro até conseguir representar as cores que vê. Hoje com um leque alargado de peças, este artesão faz várias experiências em torno dos objetos que representa.
Começou por criar quadros de porcelana com motivos florais, acabando por estilizar as suas peças ao mesmo tempo que altera a temática do seu trabalho: presépios, ceias, figuras sacras, mochos, bailarinas, anjos e profissões. Embora a expressão do quotidiano e a religião sejam tema transversal a todo o figurado de Barcelos, Carlos Dias destaca-se pelas formas minimalistas das suas peças, com rostos sem grande definição, sem olhos e nos tons naturais do barro e do grés.