Conceição Sapateiro
Filha de uma oleira e de um sapateiro, Conceição “Sapateiro” trabalha no barro desde criança. Lembra-se do tempo em que o barro era estendido num cilindro de granito movido por bois, para o amassar, e de ajudar a calcar os locais onde ficavam os buracos das patas dos animais. Emigrou depois de casar para a Galiza, continuando aí a trabalhar em fábricas de cerâmica. Vinte anos depois, regressou a Portugal, instalou-se em Areias S. Vicente e começa a oficializar as experiências que ia fazendo nos tempos livres: peças em barro, arrojadas, coloridas e robustas, que logo chamaram a atenção entre o figurado de Barcelos.
Hoje os tempos são mais fáceis dos que Conceição relatava. Como muitos dos seus contemporâneos, optou por dar continuidade à arte da família com o barro – tendo abdicado dos sapatos. No entanto, é o pai que recorda sempre que cria as suas peças, tendo optado por usar Sapateiro como seu último nome também em sua honra, tanto que muitas das suas criações retratam esta profissão. O seu trabalho retrata a temática tradicional do figurado de Barcelos, destacando-se temas ligados à religião, romarias, quotidiano e mundo rural, que retrata de forma muito expressiva.
Sobressai o uso do verde e do azul – fruto de alguma influência da porcelana que encontrou no tempo em que viveu no país vizinho – e uma característica específica das suas personagens femininas: um busto avultado.