Irmãos Baraça
A família Baraça é das mais conhecidas e prestigiadas do figurado de Barcelos. É a terceira geração que assegura hoje grande parte das peças: Vítor e Moisés trabalham com o pai, Fernando Gonçalves Pereira “Baraça”, para dar vida às criações que começaram com a avó, Ana Baraça.
Ana Lopes Gonçalves Valada, conhecida como Ana Baraça, nasceu em 1904 e cedo meteu as mãos no barro, para criar uns galinhos que o vai lhe vidrava juntamente com a louça grossa que fazia. O nome “Baraça” vem precisamente deste homem, Manuel Gonçalves Valada, que também era conhecido por tocar guitarra nas festas e romarias pelas aldeias – onde sempre deixava uma das baraças que levava penduradas no instrumento.
Quando o pai emigrou para o Brasil, Ana foi servir na lavoura, que lhe serviu de forte inspiração nas peças que começou a produzir a seguir: cenas da vida rural como carros de bois, matanças e trabalhos de campo. Rapidamente essas peças se tornaram num sucesso, sendo-lhes ainda próprias determinadas características, como os olhos achatados das figuras, as cores garridas que representavam o Minho ou a técnica de pintura, com um prego, nos galos.
O filho, Fernando, deu continuidade ao trabalho de Ana Baraça, embora encorajado a experimentar novas peças, tendo inventado o famoso coreto e os seus músicos. Hoje trabalha lado a lado com os filhos Vítor e Moisés, que encaram o processo criativo tal como o pai: inacabado, sempre pronto a reinventar-se. As peças dos irmãos Baraça representam, tal como as da avó, cenas da vida quotidiana, embora já só da vida rural: introduzem vários elementos da modernidade, o que torna as suas peças inconfundíveis e permanentemente atuais.