Irmãos Mistério
Filhos do ceramista Domingos Gonçalves Lima “Mistério”, adotaram do pai o legado e o nome por que era conhecido. Vivem e trabalham em Galegos Santa Maria e as suas peças caracterizam-se por um estilo muito único, profano, muitas vezes de crítica social.
Dizem nunca ter tido problemas com a Igreja, mas que alguns padres já fizeram chegar algumas “bocas” por causa do conteúdodas peças que representam cenas ou figuras religiosas.
Manuel e Francisco Esteves Lima são, hoje, conhecidos por “Irmãos Mistério”, ou “Os Mistério”. Aprenderam com o pai a moldagem do barro e com a mãe a pintá-lo. Virgínia Coelho Esteves pintava as peças do marido, o “Mistério” original, e também as que os filhos já iam fazendo: Francisco desde os 15 e Manuel desde os 7. Dos primeiros passos no barro, foram aprendendo e aperfeiçoando a técnica, mas dizem que nunca se aprende tudo quando se criam peças em barro. Reconhecem que o pai, um dos primeiros artesãos a trabalhar o figurado de Barcelos – a par das Rosas, Ramalho e Côta – era um verdadeiro artista, inspirado para as suas criações. Aprendeu a arte de moldar o barro com uma tia, a quem chamavam Teresa Carumas, que fazia peças para vender na feira de Barcelos. Aí nasceu o ofício de família que perdura até aos dias de hoje.
Embora mantenham o legado do pai e ainda lhes sejam pedidas algumas peças com as características das originais, os irmãos vão inovando em vários dos seus elementos, especialmente pela mão do Manuel. Sobre o futuro, os irmãos Mistério não o pintam com as mesmas cores que ilustram o barro: esta arte de família acabará com eles, com a mesma naturalidade com que começou. Por enquanto, continuam a contribuir com as suas criações para o mundo do figurado de Barcelos, tendo-se tornado um dos seus incontornáveis nomes.